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{ HISTÓRIA DA CONTABILIDADE } |
A Contabilidade, ciência que registra, resume e interpreta os fenômenos que afetam as situações financeiras, patrimoniais e econômicas de qualquer empresa, surgiu nos primórdios da civilização, na época em que o homens primitivos representavam seus patrimônios (rebanhos, metais e outros bens) por meio de desenhos e gravações . Observava-se que a cara do animal desenhado era daquele que eles queriam controlar e a quantidade era o número de cabeças existentes. Os egípcios também utilizavam de desenhos nas paredes das casas para controlar a quantidade de cereais pagos aos coletores de tributos. Já os mesopotâmios utilizavam fichas de argila para fazer esse controle. Há indícios de que os chineses também possuíam um sistema de controle sofisticado a 2000 a.C. A contabilidade foi evoluindo juntamente com os avanços matemáticos, como o conhecimento do zero levados à Europa pelos Árabes, o progresso tecnológico ocorrido na China e a queda do sistema feudal possibilitando, assim o surgimento da contabilidade moderna. O autor Leonardo Fibonacci, foi um dos maiores divulgadores do sistema numérico arábico. Ele passou a sua infância no norte da África aprendendo a língua e a matemática dos árabes, quando voltou à Itália (1202) escreveu um livro intitulado Liber Abaci. Com a expansão da navegação e, conseqüentemente, do comércio, expandia-se a riqueza acumulada e a negociação, que antes era individual, passava a ser feita através de representantes, associações e corporações que fortaleceram a sociedade, auxiliando na distinção entre a entidade comercial e seus proprietários .Com o declínio do sistema feudal, a propriedade privada começou a crescer; com a descoberta da América, em 1492, alguns países europeus começaram a enriquecer. Esses fatores, entre outros, fizeram com que a Contabilidade se tornasse uma necessidade para o estabelecimento do controle monetário. A obra de Frei Luca Pacioli, denominada "Summa de arithmetica, geometrica, proportioni et proportionalitá" era um tratado matemático que incluía uma seção denominada "Tratactus de Computis et Scripturis" (Contabilidade por Partidas Dobradas). Nessa seção, Pacioli apresentava o sistema de escrituração por partidas dobradas e o raciocínio dos lançamentos contábeis, ou seja, os débitos e os créditos. Pacioli tinha uma visão abrangente, e seus comentários são relevantes até hoje. Veja o que ele escreveu sobre o encerramento do balancete.
Para que tudo fique mais claro no encerramento mencionado, é necessário que faça esta outra comparação, a saber, somar numa folha de papel todos os débitos de Razão + e colocá-los do lado esquerdo, e somar todos os créditos e colocá-los do lado direito, e depois estas últimas somas serão ressomadas; uma das somas será o total dos débitos, e a outra será o total dos créditos. Agora, se as duas somas forem iguais, ou seja, uma for igual à outra, ou seja, as somas dos débitos e créditos, sua conclusão será a de que seu Razão terá sido bem mantido(...) e encerrado pelo motivo mencionado acima no Capítulo 14; mas, se uma das somas for maior do que outra, terá havido um erro no seu Razão, o qual, com diligência, será melhor que o controle com a inteligência que Deus lhe deu, e com os recursos de raciocínio que tiver adquirido, e que são muito necessários para o bom comerciante, como dissemos no início; caso contrário, não sendo um bom contador em seus negócios, andará como um cego, e muitas perdas poderão surgir.(...)
Até o século XVII, não se conhecia os números negativos, tinha-se apenas a idéia. Por isso a utilização das contas em T, que nada mais indicavam que os aumentos de um lado e as reduções de outro. O saldo era obtido pela subtração entre os valores. Interessante é saber as origens das palavras débitos, créditos, devedores, credores, entre outros. Segundo HENDRIKSEN (1999:41) dívidas, devedores, debêntures e débitos, por exemplo, são palavras que resultam da base debere, ou dever, cuja contração é dr, nos lançamentos de diário. Créditos vêm da mesma raiz da palavra credo, ou seja, algo eu que se acredita, como a profissão de fé cristã enunciada no Credo dos Apóstolos. Também pode referir-se a pessoas nas quais se acredita, como credores - depositamos nelas nossa confiança, emprestando-lhes dinheiro. A origem latina é credere, cuja contração é cr, nos lançamentos de diário. A obra de Pacioli, além de codificar a contabilidade, possibilitou que a Igreja e o Estado usassem os conceitos contábeis séculos depois, sendo um instrumento importantíssimo para o desenvolvimento do capitalismo. Em meados do século XVII, a Contabilidade chegava na universidades Italianas, embora ainda estivesse atrelada a ciência da Administração, com o patrimônio definido como um direto. Com a Revolução industrial começaram a surgir especialistas em contabilidade e, ainda no início do século XIX havia menos de 50 contadores públicos registrados nas cidades da Inglaterra e da Escócia. Esse número cresceu muito a partir da assinatura de uma Lei que exigia balanços aprovados por auditores. Fato importante foi a industrialização Norte Americana e o conseqüente giro de capital internacional, que fez com que viessem muitos contadores e auditores britânicos, trazendo essas profissões para a América. As teorias e as práticas contábeis se estabeleceram a partir do surgimento de empresas multinacionais e transacionais, de capital aberto e com grande movimentação de riquezas, permitindo a interpretação das informações por parte dos acionistas e investidores. Atualmente, a contabilidade atua como um instrumento para a sociedade, seu usuário não é somente o proprietário da empresa, mas sim, fornecedores, investidores, bancos, governos, empregados e clientes Para o futuro, HENDRIKSEN (1999:49) considera que a Contabilidade irá se informatizar, em lugar de razonetes , haverá bases de dados das quais os dados financeiros serão apenas uma parte. Uma versão simplificada dessas bases de dados serão transmitidas por linha telefônica aos usuários. As empresas não precisarão escolher um método de reconhecimento das receitas, pois serão capazes de oferecer uma variedade de métodos aos acionistas para suas análises. A revolução contábil se dará com a aplicação da tecnologia disponível atualmente.
Maiores esclarecimentos sobre o assunto poderão ser encontrados em:
HENDRIKSEN, E. S.; BREDA, M. F. V. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999
DRUMOND, M. H. F. Ciências Contábeis da arte à ciência: 8.000 anos de história. Rev. Bras. Cont., v.24, n.93 maio/junho, 1995. IUDÍCIBUS, Sérgio. Teoria da Contabilidade. 5º ed. São Paulo: Atlas,1998
IUDÍCIBU, Sérgio ;MARION José Carlos. Introdução a Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas
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