TEORIA DA
CONTABILIDADE
CONTROLISMO
Assim como os personalistas fizeram oposição aos contistas, os controlistas fizeram oposição aos personalistas.
A escola personalista, situada em Toscana, tinha grande força e prestígio, porém com o aparecimento da Escola de Veneza
(controlista) encontrou contestações.
Tudo começou no discurso de inauguração do Ano Acadêmico em Veneza, em 1880, feito por Fábio Besta, que falava de
debates que já haviam sido processados em público.
Com a divergência dessas idéias contribuiu-se positivamente para o pensamento humano.
Na Contabilidade, os debates entre os três grandes da época: Cerboni, Rossi (personalistas) e Besta (Controlista), fizeram
história, principalmente no 1º Congresso Italiano de Contabilidade, realizado em Roma, em 1879, no confronto entre as
escolas científicas, o que fez Besta à fazer o seu discurso já citado anteriormente.
Fábio Besta, afim de criar novas formas de estudos da Contabilidade, contribuiu muito para o desenvolvimento da ciência
Contábil.
Besta causaria influências nos pensamentos dos estudiosos do Século XX.
Sua obra mais importante é La Ragioneria, em três volumes.
Com os pensamentos de Besta formou-se a Escola de Veneza, a qual mais tarde contribuiu para o conhecimento contábil
destacando Vittorio Alfieri, Pietro Rigobon, Francesco de Gobbis, Vincenzo Vianello, entre outros com obras muito
importantes publicadas.
Não se pode excluir os pensamentos dos personalistas os quais auxiliaram, também, muito o desenvolvimento da
Contabilidade.
· A obra de Fábio Besta e suas Razões Científicas -
Fábio Besta admitiu a importância do “controle da riqueza aziendal”.
Besta afirmava : “a riqueza pertinente a uma azienda forma a substância ou patrimônio àquela legado e todo azienda
possui substância, seja pequena ou grande”. Com isso ele queria dizer que a dinâmica da riqueza, afirma que a satisfação
das necessidades através dela gera um sem número de fenômenos e que é necessário uma ciência específica para estudá-los.
Com essa afirmativa Besta expõe sua primeira diferença ao pensamento personalista que defendia que pelos direitos ou
obrigações só ocorrem quando as mesma é dinamizada. Através do pensamento de Besta, fica bem claro o ponto de vista
sobre a riqueza, sobre a necessidade de considerá-la como ela mesma.
As afirmativas de Besta rebatem com os pensamentos de Cerboni, os axiomas.
Besta enfatizava a preocupação dos estudos, na Contabilidade, que não deviam estar relacionadas com o direito, mas sim
naquela de utilização, para a satisfação das necessidades. “O direito de possuir alguma coisa por si só de nada vale. O
legitimo proprietário conserva todos os direitos sobre as coisas, ainda quando lhe são roubadas; se não tem
possibilidade de recuperá-las, aquelas coisas para ele de nada valem.”
Recusa a definição de patrimônio enunciada por Cerboni e Rossi, ou seja, não aceita o patrimônio sob a defesa de direitos e
obrigações, mas, sim, como um agregado de valores, como “grandeza comensurável”. “O valor de uma coisa se refere a
disponibilidade e ao seu livre uso, em suma a sua posse e esta jamais será plena se não lhe é assegurado isto no
presente e no futuro, sem limite de tempo, ou seja, enquanto durar.”
As convicções de Besta sobre o valor levou o mesmo a implantar o raciocínio de que as contas não se abrem para pessoas,
mas para valores, e segundo Masi, tal forma de pensar deu origem a um Neocontismo que se desenvolveria, inclusive, fora da
Itália.
Ao tratar da Classificação dos elementos patrimoniais, consagra uma metodologia de classificação por funções dos elementos
da riqueza.
Considera os bens como “forças verdadeiras e próprias das aziendas” e admite o lucro ou a perda como comparação de dois
estados da mesma riqueza em determinado tempo.
Atribui à Administração o grande relevo que possui em face dos estudos contábeis, mas é nas funções de controle que mais se
empenha em situar como principal.
Afirma que é pelo controle que tudo se torna relevante e que o estudo das causas e dos efeitos de tais funções são os básicos.
Classifica os Controles em: antecedentes, concomitantes e subsequentes, afirmando que tudo deve ser registrado e que o
objeto dos registros são os fatos ocorridos com a riqueza.
Para Besta, de nada vale a própria certeza do direito de uma coisa se nada podemos fazer com ela e se sua posse só se dará
em tempo futuro e incerto.
A Ciência Contábil, nessa fase áurea do início do século, já havia alcançado sua maioridade e plenitude de grandeza como
acervo de doutrinas.
Sobre as “Contas” não só discorre sobre todas as suas teorias em vigor, como apresenta razões profundas de raciocínio
quando afirma: “A natureza das contas depende manifestamente da índole do seu objeto, de seu registro e dos fatos e
mutações que se refere, e tal índole não varia apenas porque variou o critério do registro; disto deduz-se que a teoria
das contas não depende de métodos de registro.”
A importância, pois, do que representou para a Contabilidade a obra de Besta é deveras muito grande e merece todo o
destaque como uma das mais expressivas produções da era Moderna científica.
Sua grande reação ao Personalismo, no entender de Masi, tão veemente se fez que deu lugar a uma nova corrente, que seria a
neocontista, das “correntes abertas a valor”, como já nos referimos, mas, em verdade, pode-se tomar tal posicionamento mais
como uma veemente postura de defesa de um materialismo que Besta herdara de Villa que mesmo a disposição de criar uma
escola de pensamentos.
· Carlo Ghidiglia, o gênio do Conrolismo -
Aderiram ao pensamento de Fábio Besta ilustres estudiosos, mas poucos com a qualidade de Carlo Ghidiglia, sobre o qual
Bertini admite que
“entre os estudiosos da Contabilidade da segunda metade dos anos do oitocentos e os primeiros decênios do novecentos
ocupa uma posição de relevo”.
Ghidiglia defendia sua escola através do Controlismo ao contrário de Rossi que defendia a escola de Toscana através do
Personalismo, ou seja, tão ilustres e fiéis seguidores e discípulos de uma escola que sem dúvida se tornaram expoentes nelas.
Ghidiglia foi um dos maiores defensores do Controlismo em uma época que Bertini considera a da máxima maturidade da
Contabilidade Científica na Itália e que foi de 1883 a 1888.
Sob o título La Ragioneria nel passato, nel presente e nell’avvenire, publicou importante trabalho que ofereceu o panorama
histórico, a realidade e a prospeção dos estudos contábeis.
Para Ghidiglia, a Contabilidade, como ciência, tem a seu cargo regular todas as ações que se relacionam com a riqueza e com
as necessidades humanas, o que também está absolutamente correto, somente a somatória da prosperidade das células sociais
pode levar à prosperidade global de uma nação e da própria humanidade.
O que eles denominaram, naquela época, de econômico, todavia, não tinha a conotação que hoje possui; baseava-se na
estreita visão de que a obtenção do lucro, do suprimento das necessidades materiais, fosse exclusivamente estudo da área da
economia.
As razões lógicas nas quais Ghidiglia se apoiou para encontrar a definição da Contabilidade, foram as seguintes:
1. o homem tem deficiências intelectuais e morais que impedem que a ação administrativa se desenvolva em cada caso
segundo o postulado hedonístico;
2. em decorrência, torna-se conseqüência natural que o homem se esforce por suprir as referidas deficiências;
3. surge, por isso, naturalmente, alguns fenômenos ou fatos pelos quais se venham a colmar essas deficiências;
4. esse fenômenos ou fatos têm todos uma mesma causa e, em sua forma de operar, são dirigidos por um só sistema de leis;
5. esse sistema de leis constitui uma ciência orgânica pertinente, que é a Contabilidade.
Essas relações lógicas ou premissas que formam suas bases para definir-se a Contabilidade ele as produziu em 1902, ou seja,
bem no início do século XX, seguindo uma atmosfera que também cada vez mais se adensava no campo do social e que se
formara com vigor a partir do positivismo de Augusto Comte.
Como razões fundamentais da Contabilidade ele aceita as seguintes:
elementos de composição;
considerada em suas partes e em seu todo;
os efeitos prováveis dessa mesma obra;
condição necessária;
administrativa e os seus efeitos pertinentes.
O ponto alto de sua teoria, a visão extraordinária que tem, centraliza-se na hierarquia que estabelece para o estudo dos
fenômenos, ou seja:
a. estudo da riqueza;
b. estudo das funções da riqueza;
c. estudo dos agregados da riqueza (organismos que explicam as funções ou fenômenos patrimoniais).
O estudo das obras de Ghidiglia nos dá a plena satisfação de observar uma obra verdadeiramente científica, de altíssima
qualidade, superior, inclusive, a muitas que se editam na atualidade.
· Outros eméritos controlistas e suas obras -
Pietro D’Alvise - Foi dos mais queridos e valoros discípulos de Fábio Besta. Produziu um dos grandes tratados clássicos da
Contabilidade, Principii e precetti di ragioneria, cuja segunda edição é de 1934.
Francesco De Gobbis - O primeiro a divulgar a doutrina de Besta, em 1889 em sua obra “Ragioneria Generale”, obtendo
nada menos de 21 edições em 50 anos, emitiu preciosas definições e um ataque ferrenho às concepções cerbonianas.
Vincenzo Vianello - Historiador emérito da Contabilidade, especialista em Contabilidade Pública. Também foi mestre
exemplar, tendo produzido diversos trabalhos e uma obra de sucesso, que foi Istituzioni di ragioneria generale, cuja
primeira edição é de 1906.
Pietro Rigobon - Foi um grande especialista na área Contábil bancária e um professor de renome, tendo participado com
Fábio Besta da segunda edição de sua La ragioneria (junto também com Vittorio Alfieri e Carlo Ghidiglia).
Vittorio Alfieri - Aluno dileto de Besta e um dos mais fieis intérpretes do pensamento do seu Mestre. Publicou diversos
trabalhos, mas sua obra mais importante foi a Ragioneria Generale.
Benedetto Lorusso - Era colaborador de Fábio Besta, editou muitos trabalhos, como La Partita Doppia, Ragioneria
Generale basata sulle funzioni di controllo economico, Aggiunte alle nozione di ragioneria generale, Commercio di
importazione e di esportazione, etc.
· Questionário do Trabalho -
1. Explique o Controlismo.
2. Quem foi Fábio Besta ?
3. Qual é a obra mestra de Fábio Besta?
4. Onde se localizava a escola criada por Fábio Besta ?
5. Quem eram os três grandes debatedores da época ?
6. Cite 3 razões Científicas da obra de Fábio Besta ?
7. Quem foi Carlo Ghidiglia ?
8. Quais as razões lógicas que Ghidiglia se baseou para definir um conceito à Contabilidade?
9. Quais as razões fundamentais que Ghidiglia aceitava ?
10. Qual era o ponto alto da teoria de Ghidiglia ?