I
- CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A
ciência da administração apoia-se no seguinte tripé:
.
Finanças = mola propulsora
.
Material = condição para o
processo produtivo
.
Pessoal = aciona o processo
produtivo
(definir
as três áreas que se entrelaçam com importâncias iguais).
Para
que exista uma administração perfeita, é necessária uma harmonia entre estas
3 áreas. Um entrosamento tal que uma fique dependente da outra, porque elas se
entrelaçam e se confundem dentro do fluxo administrativo. Nada se pode fazer
sem capital, bem como sem material. Somente com estes dois, não temos condições
de administrar pois há a falta do elemento humano que irá acionar todo o
processo produtivo. Não deverá existir diferença no nível hierárquico entre
estas áreas pois têm a mesma importância para o bom funcionamento da empresa.
A
gerência de materiais é um conceito vital que pode resultar na redução de
custos e no aperfeiçoamento do desempenho de uma organização de produção,
quando é adequadamente entendida e executada. É um conceito que deve estar
contido na filosofia da empresa e em sua organização.
Os
materiais em geral representam a maior parcela de custo de produtos acabados,
mostrando que são responsáveis por aproximadamente 52% do custo do produto
numa média empresa e, em alguns casos, podem chegar a 85%. O investimento em
estoque de materiais é tipicamente de 1/3 do ativo de uma empresa.
Administrar
materiais é fazer um exercício de provedor, analista, pesquisador e
programador. É, acima de tudo, colocar a empresa como um organismo viável a
todos que dela participam.
DIAGRAMA
DA ADMINISTRAÇÃO DO MATERIAL
Outros
segmentos
Almoxarifado
Compras
Abastecimento
Armazenagem
Controle
Material
Qualidade
Registro
Quantidade
Preço
Inventário
II.1
- DEFINIÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
A
administração de materiais visa abastecer, de modo contínuo, a empresa com
material que seja necessário para as suas atividades. São 5 requisitos básicos
para o abastecimento:
a)
qualidade
do material;
b)
quantidade
necessária;
c)
prazo
de entrega
d)
preço;
e)
condições
de pagamento.
a)
Qualidade
do Material
O material deverá apresentar qualidade tal que possibilite sua aceitação
dentro e fora da empresa (mercado).
b)
Quantidade
Deverá ser estritamente suficiente para suprir as necessidades da produção
e estoque, evitando a falta de material para o abastecimento geral da empresa
bem como o excesso em estoque.
c)
Prazo
de Entrega
Deverá ser o menor possível, a fim de levar um melhor atendimento aos
consumidores e evitar falta do material.
d)
Menor
Preço
O preço do produto deverá ser tal que possa situá-lo em posição de
concorrência no mercado, proporcionando à empresa um lucro maior.
e)
Condições
de pagamento
Deverão ser as melhores possíveis para que a empresa tenha maior
flexibilidade na transformação ou venda do produto.
“UM
NOVO ENFOQUE”
A
Logística compõe-se de dois subsistemas de atividades: administração de
materiais e distribuição física, cada qual envolvendo o controle da movimentação
e a coordenação demanda-suprimento.
.
compras
.
programação de entrega para fábrica
.
transportes
.
controle de estoque de matérias-primas
.
controle de estoque de componentes
.
armazenagem de matérias-primas
.
armazenagem de componentes
.
previsão de necessidades de materiais
.
controle de estoque nos centros de distribuição
.
processamento de pedido de clientes
.
administração dos centros de distribuição
.
planejamento dos centros de distribuição
.
planejamento de atendimento a clientes
Existe
crescente interesse pela administração logística no Brasil, e esse interesse
pode ser explicado por seis razões principais:
1.
rápido
crescimento dos custos, particularmente dos relativos aos
serviços de transporte e armazenagem;
2.
desenvolvimento
de técnicas matemáticas e do equipamento de computação capazes de tratar
eficientemente a massa de dados normalmente necessária para a análise de um
problema logístico;
3.
complexidade
crescente da administração de materiais e da distribuição física, tornando
necessários sistemas mais complexos;
4.
disponibilidade
de maior gama de serviços logísticos;
5.
mudanças
de mercado e de canais de distribuição, especialmente para bens de consumo;
6.
tendência
de os varejistas e atacadistas transferirem as responsabilidades de administração
dos estoques para os fabricantes.
CONFLITOS
Embora
a meta do sistema logístico como um todo seja fornecer produtos úteis para o
mercado a preços realistas, que cubram os seus custos e garantam lucro razoável,
a meta de cada elemento do sistema difere consideravelmente.
.
os fornecedores desejam produzir grandes lotes de produtos comuns
a diversos clientes.
.
o produtor deseja fabricar grandes lotes de um conjunto de produtos
com projeto simples e facilidade de montagem, tendo ainda garantia
de qualidade de cada produto individual.
.
o revendedor deseja qualidade superior e um bom desempenho
comercial associado a marca conhecida, com um preço que garanta
alta margem de lucro.
.
e o consumidor, por sua vez, deseja qualidade superior, desenho
individual, preço baixo e boa marca.
Ainda
assim, em algumas empresas é possível que:
-
o setor de compras deseje minimizar os custos das matérias-primas e
reduzir os riscos de faltas de estoque comprando em grandes
quantidades às custas de altos níveis de estoque de matérias-primas;
-
o setor de fabricação exija maiores lotes de produção que possam ser
atingidos se os níveis de estoque de matérias-primas e material em
processo forem altos;
-
a eficiência do transporte seja julgada pelos custos diretos de carga,
mas, em geral, quanto menor a taxa de frete, mais vagaroso é o
transporte e maior o estoque necessário para apoiar o sistema de
distribuição;
-
os vendedores exijam altos níveis de estoque de produtos acabados
para garantir alto padrão de atendimento ao cliente.
II.2
- CATALOGAÇÃO DE MATERIAIS
Para
um atendimento mais rápido ao consumidor e para um melhor controle do material
em estoque, cada item deverá possuir um código próprio. Este poderá se
referir, por exemplo, ao número da prateleira, estante, armário ou depósito
onde se encontra o material.
EXEMPLO
DE FICHA
DE CATALOGAÇÃO DE MATERIAL
Estante
nº |
Seção |
Descrição
do Material |
Código |
Unidade
Padrão |
Obs. |
|
|
|
|
|
|
1 |
Tubos |
Eletrodutos galvanizados |
1010 1020 |
peça
(6m) |
|
2 |
Chapas |
Galvanizadas Chapa
Preta Inoxidável |
2010 2020 2030 |
m2 |
manter
em local plano |
3 |
Vigas |
Em
“U” Em
“H” Em
“T” |
3010 3020 3030 |
Kg. |
|
4 |
Tarugo |
Redondo Quadrado Chato
(retangular) |
4010 4020 4030 |
(m) |
|
(ver
mais detalhes em codificações e classificação de material)
II.3
- SIMPLIFICAÇÃO E ESPECIFICAÇÃO DE MATERIAL
a)
Simplificação de material:
É
reduzir a grande variedade de um tipo de produto empregado para o mesmo fim.
Exemplo: detergentes para limpeza. (Magnus,
ODD, Minerva, etc)
b)
Especificação
de material:
É
a descrição técnica do material. Utilizando-se de suas características, a
descrição minuciosa possibilitará melhor entendimento entre requisitante,
comprador e fornecedor.
(utilizar catálogo técnico do fornecedor para auxiliar o comprador)
Exemplo: pilha alcalina, marca Duracell, tamanho AA, 1, 5V.
Especificação
nada mais é que a identificação do material, na qual procuramos apresentar
todas as particularidades ou características físicas e químicas a fim de
individualizar tal material. Dizemos, então, que estamos adotando o método
descritivo para especificar o material.
Exemplo: lâmpada para escritório
Philips
marca
General Eletric
TL
40W/75 RS
referência comercial
BR 40W
Fluorescente
modelo
incandescente
40W
potência
40W
1200mm
comprimento
120mm
40mm
diâmetro
60mm
Extra
luz do dia
tipo
econômica
110V
tensão
110V
(a
perfeita especificação é a certeza de uma compra exata).
II.4
- NORMATIZAÇÃO E PADRONIZAÇÃO DE MATERIAL
a)
Normatização:
A
normatização ocupa-se da maneira pela qual os materiais devem ser utilizados
em suas diversas finalidades, tornando-os “normais”a sua aplicação. (é o
emprego adequado).
Alguns
órgãos governamentais cuidam de criar normas para produção de determinados
materiais.
Exemplo: gasolina, medicamentos, E.P.I., tolerância do peso dos
produtos, esterilização de produtos hospitalares.
b)
Padronização:
Objetiva
facilitar a identificação do material, bem como a sua aplicação (vários
comprimentos de pilha). A padronização é aplicada no caso de medidas (rosca
de uma lâmpada), peso (sabonete e creme dental) e forma do produto (garrafa de
cerveja).
O
estudo do tipo-padrão a ser utilizado em uma empresa deverá ser escolhido por
uma equipe com representantes de todas as áreas envolvidas na compra,
estocagem, transporte e utilização do material, para que todos os interesses
possam ser defendidos.
II.5
- CLASSIFICAÇÃO DO MATERIAL
Classificar
um material é agrupá-lo segundo sua forma, dimensão, peso, utilidade, tipo,
etc. A classificação não deverá gerar confusão, ou seja, um produto não
poderá ser classificado de modo a ser confundido com outro, mesmo havendo
semelhança entre eles.
Classificar
é ordenar os produtos, segundo critérios previamente adotados, agrupando-os de
acordo com a semelhança, sem causar dispersão no espaço ou alteração na
qualidade.
Exemplo: agrupar produtos de limpeza junto com alimentos.
MÉTODO
DECIMAL E CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAL
01
- Tinta |
02
- Móvel |
03
- Ferro |
04
- Máquina Elétrica |
01.01
- Verniz |
02.01
- Armário |
03.01
- Redondo |
04.01
- Gerador |
01.02
- Esmalte |
02.02
- Arquivo |
03.02
- Chato |
04.02
- Turbina |
01.03
- Solvente |
02.03
- Mesa |
03.03
- Sextavado |
04.03
- Motor |
A
classificação do material pode ser feita também por ordem alfabética ou
alfa-numérica. A C.D.U. (Classificação
Decimal Universal) de Melville Dewer proporciona uma série de variações em
agrupamentos, permitindo uma identificação e localização imediata do
material.
São
muitas as variações do departamento de materiais. O importante é que o modelo
adotado atenda eficientemente a empresa, sem atropelos de atribuições e
burocracias desnecessárias.
Diretamente: .
G Compras .
G. Almoxarifado .
G.P.C.P. .
G.M.T. direto .
G. Expedição .
G. Export./Importação |
Indiretamente: .
G. Controle Q. .
G. Garantia Q. .
G. Engenharia .
G. Produção .
G. O&M. .
etc (escritórios) |
III
- ADMINISTRAÇÃO DE COMPRAS E ALMOXARIFADO
III.1
- COMPETÊNCIA DO DEPARTAMENTO DE COMPRAS
“A
arte de comprar está se tornando cada vez mais uma
profissão
e cada vez menos um jogo de sorte”. Henry Ford
A
função de comprar implica na aquisição de materiais na qualidade certa, na
época certa, ao preço certo, na quantidade certa e da fonte certa.
Um
cadastro de fornecedores deverá ser mantido sempre atualizado de forma que nos
permita obter informações a tempo e à hora. Deverá conter todos os dados e a
história do fornecedor junto à empresa.
Devemos
detectar e registrar o aparecimento de novos fornecedores e de novas organizações
prestadoras de serviço, que poderão vir nos atender no futuro.
As
compras poderão ser de dois tipos básicos:
a)
adquiridas
no mercado interno;
b)
adquiridas
no mercado externo (importação)
Dedicaremos
maior atenção à compra no mercado interno.
O
setor de compras deverá manter estreita e intensa relação com os outros
setores administrativos da empresa, principalmente com a contabilidade geral
para classificar os produtos nas devidas contas.
O
controle do transporte dos materiais adquiridos pelo setor de compras visa
acompanhar, mediante as notas de conhecimento, o percurso dos bens, desde a saída
do fornecedor até a recepção na empresa. Devemos levar em consideração as
condições de segurança e, principalmente, o rigoroso cumprimento das datas de
entrega da mercadoria.
(Follow
Up - “To Follow”= seguir, acompanhar; “Up”= na mosca, no mesmo instante)
Para
quem compra, são necessárias algumas informações sobre o material a ser
adquirido: (as principais)
a)
qualidade
b)
quantidade
c)
época
(quando a empresa necessitará do produto)
a)
Qualidade:
É o detalhamento preciso das especificações e características do
material a ser adquirido. Deverá atender plenamente às necessidades do
requisitante.
Itens
básicos para uma boa especificação:
.
a matéria prima a ser utilizada;
.
dimensões (peso, volume, formato e etc);
.
tolerâncias para os números;
.
cor, gramatura, porosidade;
.
outros como: ponto de fusão, dureza, resistência à ruptura,
.
elasticidade, etc.
ATENÇÃO:
Grandeza
Unidade
tensão
volts
intensidade de corrente
ampéres
peso
Kg, Lb, Oz
pressão
Lb/pol2,
Kg/cm2
frequência
Hertz, ciclos/segundos
potência
Watts, HP, CV
b)
Quantidade:
É de suma importância a observação da quantidade a ser comprada em
função da variação de preço/quantidade e do capital investido no material.
A Curva Sazonal de Vendas de um produto é uma oportunidade de preço que
nós temos que estar sempre atentos para melhor aproveitamento. No entanto, não
havendo nenhum fator excepcional, a quantidade será sempre ditada pelo “Lote
Econômico” para os níveis de produção vigentes.
c)
A
época de comprar:
A empresa necessita do produto para o momento em que precisa atender os
compromissos de uma programação a ser utilizada em sua plenitude ou
atendimento simplesmente de uma requisição.
O tempo é um fator de primeira linha em qualquer atividade humana.
Assume um papel importantíssimo no terreno das aquisições, portanto redunda
em economia, e economia nesta área é lucro.
Todavia, nem sempre o menor tempo disponível é a melhor arma para
conseguirmos melhores resultados.
(...Negociação...)
Devemos considerar o fator tempo sob dois prismas:
C1) Material de difícil aquisição
Itens importados, fabricação
sob encomenda, de outras praças
C2) Material de fácil aquisição
Itens nacionais, fabricação em série, de mesma praça.
III.2
- TIPOS DE LICITAÇÃO
No
campo integral das aquisições, que compreende várias facetas, o tempo começa
a ser contado quando iniciamos algum tipo de licitação utilizando um dos
tipos, segundo Decreto-Lei nº 8.666
II.2.1
- O Uso da Capitalização/Descapitalização nas compras
II.2.2
- Exercício sobre Capitalização/Descapitalização
A1)
Conceitos
Básicos
Negociação
é o processo de buscar aceitação de idéias, propósitos ou interesses
visando ao melhor resultado possível, de tal modo que as partes envolvidas
terminem a negociação conscientes de que foram ouvidas, tiveram a oportunidade
de apresentar toda a sua argumentação e que o produto final seja maior que a
soma das contribuições individuais.
Negociação,
sendo um processo, ocorre no tempo, em relação ao qual temos que considerar
suas três dimensões básicas: futuro, presente e passado, que correspondem a
três momentos de processo administrativo, quais sejam, planejamento, execução
e controle.
1.1
-
Ouvir
Ouvir,
dando oportunidade à outra parte de manifestar todos os seus argumentos. Falar
e ser entendido, podendo usar para isto de todos os recursos legítimos ao seu
alcance. Poder conviver com a solução encontrada, pois ela não contraria os
valores das partes. Isto é consenso. O consenso em si não importa,
obrigatoriamente, na escolha da melhor solução, uma vez que o básico para que
ele exista seja a ocorrência das três condições anteriormente mencionadas.
Mas é justamente aí que entra o conceito de sinergia, ou seja, de que o
produto final seja maior que a soma das partes. Assim sendo, temos o consenso em
sinergia. É sempre oportuno lembrar que a busca da sinergia, juntamente com a
da eficácia, deve ser uma preocupação constante de todo executivo, gerente e
compradores.
1.2
-
Negociar e (é) ouvir
Estas
sugestões objetivam fornecer-lhe subsídios para se tornar um bom ouvinte:
1.2.1
-
Reserve Tempo/Escute com atenção
Se você sentir que alguém está preocupado e necessita conversar. Não
será
uma perda de tempo. Se você pode ajudá-lo a clarear suas idéias, também
estará melhorando a comunicação entre os dois.
1.2.2
-
Manifeste Compreensão
Se o outro se tornar extremamente emotivo, deixe-o desabafar. Mostre-lhe
que você compreende e que considera seu problema importante. O judoca
experiente não resiste à força; põe-se de lado e a deixa passar.
1.2.3
-
Reduza suas Reações Verbais
Enquanto o outro estiver falando, limite-se àquilo que tem se denominado
de
“eloqüentes e encorajadores grunhidos”: “Hum! Oh!” ou, então,
“Eu sei”. Se o
outro parar, permaneça calado. Um aceno de cabeça ou qualquer outro
gesto
fará com que ele continue falando. Não o interrompa. Procure anotar os
aspectos mais importantes.
1.2.4
-
Não dê Ajuda
O outro está buscando seus próprios caminhos, suas próprias soluções;
ele
talvez não esteja preparado para suas soluções. Uma ajuda, nesta hora,
pode
limitar a criatividade de outro.
1.2.5
-
O Silêncio é a Maior Força e
Habilidade no Escutar
1.2.6
-
Procure não Avaliar o que está sendo
Dito/Descubra o Verdadeiro Sentido
Procure detectar as razões manifestadas e subjacentes, os sentimentos e
as
necessidades/expectativas do outro. As opiniões às vezes são mais
importantes que os fatos.
1.2.7
-
Só responda depois de ouvir para fazê-lo de acordo com a perspectiva, a
linguagem e as possibilidades de entendimento e aceitação por parte do
outro.
1.3
-
Habilidades de Negociação
O
desenvolvimento de habilidades de negociação pressupõe
abordagem de pelo menos três áreas:
A)
Habilidades
de Relacionamento (Interpessoal)
Pode ser entendido como a utilização de uma metodologia que permite ao
negociador durante o processo de negociação:
. conhecer e mostrar suas forças
. administrar (não mostrar) suas fraquezas
. solucionar conflitos
. conhecer a outra parte e suas necessidades
. apresentar argumentos de forma diferenciada de acordo com certas
características comportamentais do outro negociador
. desenvolver comportamentos que gerem confiança, evitando aqueles que
causam desconfiança
. saber ouvir, comunicar
. criar um clima de cooperação entre os negociadores
. buscar o aumento do seu grau de flexibilidade (capacidade de se colocar
no
lugar do outro, de aceitar mudanças, etc.)
B)
Tecnologia
de Negociação
Pode ser entendida como a utilização de uma metodologia, sistematização
que permita ao negociador:
. planejar, executar e controlar a negociação dentro de uma seqüência
lógica e
pré-determinada
. utilizar certas idéias que possam tornar sua argumentação mais
atraente e
sensibilizar a outra parte (estratégias/táticas)
. desenvolver a habilidade de fazer concessões e superar impasses.
C)
Conhecimento do seu Negócio
Implica em desenvolver/obter:
. maiores informações sobre o que será objeto de negociação
(características e
soluções do produto, serviço ou idéia)
. dados relativos a mercado, concorrência, ações governamentais,
aspectos
financeiros que possam afetar o que está sendo negociado
. benefícios potenciais à clientela
O conhecimento do negócio é fundamental, inclusive, para se saber o que
é um
bom ou mau negócio.
A2)
Etapas
do Processo de Negociação
A
negociação é um processo contínuo que não se inicia quando as pessoas se
defrontam numa mesa. Esta lembrança é fundamental para reafirmar que o
“processo” começa muito antes disso e continua após as duas pessoas se
separarem, até a próxima negociação.
Tudo
o que for feito durante uma negociação terá profunda influência na próxima
negociação com aquela mesma pessoa. Muitos parecem se esquecer deste tópico
importantíssimo.
Não
se deve encarar as etapas como algo rígido. Em alguns casos poderemos suprimir
uma ou outra. O importante é ter sempre presente que elas nos ajudam na
sistematização do processo de negociação.
- Preparação
- Abertura
- Exploração
- Apresentação
- Clarificação
- Ação Final
- Controle e Avaliação
2.1
-
Preparação
É
importante salientar que nesta fase o outro negociador ainda não está
presente, pois se trata do planejamento inicial. Eis os passos:
2.1.1
-
Histórico das relações
Uma retrospectiva das negociações e contatos anteriores com a mesma
pessoa e/ou sobre o mesmo assunto pode nos dar subsídios, especialmente em
termos de que comportamento/estratégia deva ser usado ou evitado (pense em você
e no outro negociador, no que deve ser evitado e/ou mostrado).
2.1.2
-
Objetivos ideais e reais
O que o leitor gostaria de conseguir, o ideal (máximo desejável) e o
que ele precisa e acha que pode conseguir, o real (mínimo necessário).
A distância entre o que é ideal e o real constitui a “margem de
negociação” que, quanto mais ampla, maior flexibilidade nos dará ao longo
do processo.
2.1.3
-
Presunção da necessidade
O
outro negociador precisa ou não do que vai ser proposto, quanto precisa, de que
modo precisa. Ninguém “compra” ou “aceita” produtos/serviços/idéias
de que não necessita. É neste momento que se pode até desistir da negociação
ao se constatar que não interessa à outra parte aquilo que vai ser proposto;
neste momento é fundamental o “Conhecimento do negócio”, especialmente no
que se refere ao atendimento das necessidades da outra parte.
Também é neste momento, que devemos começar a pensar nas necessidades,
motivações, expectativas da outra pessoa; a negociação será sempre mais fácil
se mostrarmos que o que vai ser proposto vai ao encontro do que a outra pessoa
deseja.
2.1.4
-
Planejamento das concessões
A negociação é um exercício de concessões; concessões que devem ser
planejadas antes do início da negociação e não durante o processo. É
importante analisar as implicações de cada concessão e quais interessam mais
ou menos à outra parte. Este último aspecto é crítico porque o que não
parece importante para nós pode ser fundamental ao outro. Concessões mais
importantes devem ser deixadas por último.
2.1.5
-
Conflitos potenciais
Toda negociação é repleta de impasses/conflitos.
É preciso pensar em alternativas de solução para os eventuais
conflitos antes de a negociação começar; depois pode faltar tempo para isso.
Usar seu humor, algo que possa relaxar a outra parte, uma atividade social, uma
concessão extra etc. Isto será mais fácil se já negociou com aquela pessoa.
2.1.6
-
Expectativas positivas
Chegou o momento do contato com o outro negociador. Este contato se dará
na etapa seguinte - Abertura.
No entanto, é preciso garantir que este contato realmente vai acontecer;
é necessário transmitir à outra parte que, do nosso ponto de vista, não
resta dúvida de que o contato vai ocorrer.
Eis alguns exemplos de transição entre as etapas Preparação e
Abertura:
. Vamos almoçar juntos amanhã para discutirmos uma nova idéia?
. Está bem para amanhã, às 4 da tarde?
2.2
-
Abertura
Esta
é uma das etapas em que o negociador brasileiro se sente mais à vontade. O
objetivo básico da abertura é o de criar um clima propício ao desenvolvimento
da negociação, deixando à vontade o outro negociador. É o primeiro contato
entre os dois negociadores. Eis os passos sugeridos:
2.2.1
-
Redução de tensão
É normal que, ao se iniciar um trabalho, diante da perspectiva de uma
mudança, as pessoas fiquem algo tensas. Isto acontece inclusive pelo
desconhecimento pelo outro dos seus objetivos. Sugerimos que você:
. mostre interesse pelo outro, faça perguntas sobre o próprio local e
ambiente
de negociação (quadros, móveis, paisagens, etc.)
. mencione algo que você viu/leu que possa interessar ao outro.
2.2.2
-
Defina seu objetivo
Defina à outra parte que você está lá para:
. resolver um problema: Ex.: “soube que você está tentando reduzir
custos e
quero apresentar uma idéia”
. satisfazer uma necessidade: “Se você está precisando desenvolver
sua área
de marketing, talvez eu possa ajudar”.
Não é o momento de você apresentar o que vai ser negociado, mas de lançar
uma “isca” para colocar o outro lado pronto para responder e colaborar com
você.
Ao definir o objetivo, é sempre importante destacar os benefícios mútuos
decorrentes do atingimento desse objetivo.
2.2.3
-
Concordância para prosseguimento
É importante definir como você e a outra parte vão trabalhar:
. em que local
. durante quanto tempo
. quais os pontos a serem discutidos
Agora tudo está pronto para a etapa seguinte.
2.3
- Exploração
A
etapa Exploração é aquela mais esquecida pelo negociador brasileiro. O
objetivo básico dessa etapa é detectar necessidades, expectativas, motivações
da outra parte para, na etapa seguinte - Apresentação -, mostrar como suas idéias,
produtos ou serviços atendem também aos interesses do outro negociador.
O
problema é que o negociador brasileiro quase sempre presume quais sejam as
necessidades, expectativas e motivações do outro; mais ainda, age como se o
outro possuísse os mesmos interesses que ele.
Quem
está propondo algo deve assumir nesta etapa a postura de ouvinte, sempre que
possível evitando tomar posições sobre o que está sendo dito. Quanto mais
ouvir, mais informações você terá; quanto menos avaliativo/opinativo for,
menores serão as possibilidades de conflitos pela divergência de pontos de
vista. Haverá oportunidades nas etapas seguintes para você colocar suas opiniões
( a partir da etapa Apresentação).
Para
desenvolvimento dessa etapa sugerimos:
2.3.1
-
Frase inicial
Esta etapa deve ser iniciada com a seguinte colocação:
. “Antes de falar sobre minhas idéias, gostaria de ouvir seu ponto de
vista
sobre...”
. “Você se incomodaria em me falar um pouco sobre...”
Pode haver uma pequena resistência inicial, mas em geral as pessoas
gostam de falar.
2.3.2
-
Teste da necessidade presumida
É nesta etapa que você vai verificar se e quanto a outra parte precisa
do seu produto, serviço, idéia.
Você vai testar se a presunção de necessidade feita durante a etapa de
Preparação foi correta.
2.3.3
-
Busca de identidade de interesses
Nesta etapa você precisa encontrar os pontos em comum, entre suas idéias
e posições, e as do outro negociador. Por mais diferentes que sejam as posições
sempre há interesses comuns.
Estes interesses tendem a criar uma disposição para negociar,
facilitando a discussão dos eventuais interesses conflitantes.
2.3.4
-
Resumo das descobertas e concordâncias
Ao
final da Exploração, muitas coisas foram descobertas, concordâncias
detectadas etc. É preciso confirmar se o que você entendeu foi realmente
aquilo que a outra parte disse.
Use perguntas, tais como:
. “Quero ver se entendi direito o que você disse...”
. “Você poderia resumir para mim seu ponto de vista? ...”
Outro objetivo das perguntas anteriores (especialmente a primeira) é
mostrar à outra pessoa/parte que você foi um bom ouvinte e que compreendeu
tudo o que foi dito.
Antes de passar para a etapa seguinte - Apresentação - é fundamental
que você esteja certo de que a outra parte tem algum interesse pelos serviços,
produtos, idéias que você vai propor. Caso contrário, é melhor desistir,
pois você presumiu uma necessidade que não existe.
2.4
-
Apresentação
É
nesta etapa, finalmente, que você vai apresentar ao outro negociador sua
proposta; é fundamental que ao apresentar esta proposta você mostre como ela
atende às necessidades e expectativas da outra parte, detectadas na etapa de
Exploração. Uma boa frase para iniciar esta etapa será “com base nas
informações que você acaba de me dar, gostaria de sugerir...”
A
Apresentação pode ser dividida em:
2.4.1
-
Descrição dos seus produtos, serviços,
idéias (Características)
Enumeração das características de sua proposta, sempre enfatizando
aqueles pontos que o outro negociador considera mais importantes (e que foram
descobertos na etapa anterior). Ex.: “Trata-se de um computador com tais
especificações técnicas, memória, velocidade etc.”
2.4.2
-
Problemas resolvidos por sua proposta
(Soluções)
Mostre ao outro negociador quais os problemas dele que sua proposta
resolve. Como funcionam sua idéia, produto ou serviço. Ex.: “Você mencionou
que necessitava de controlar mais a freqüência de seu pessoal; meu computador
X15 tem um programa especial que pode ajudá-lo a fazer isso”.
2.4.3
-
Benefícios decorrentes de sua proposta
(Benefícios)
Além de descrever sua proposta, de mostrar os problemas que ela resolve,
é preciso enfatizar quais os benefícios que ela (proposta) traz para o outro
negociador, inclusive de natureza pessoal (detectados na etapa Exploração).
Ex.: “Meu computador X15 custa 15% menos que os concorrentes. Com esta diferença
você poderá adquirir aquela
impressora que tanto desejava!” “Você poderá operá-lo sem a ajuda de
especialistas”.
Nesta etapa você só deverá mencionar “soluções e benefícios”
realmente identificados na etapa Exploração. Procure não presumir nada; evite
achar que o que é importante para você será necessariamente importante para o
outro.
2.5
- Clarificação
Por
mais clara que tenha sido sua apresentação, sempre restará alguma dúvida.
Este é o momento de esclarecê-la. Uma boa pergunta para se iniciar a Clarificação
será: “Algo do que eu disse não ficou suficientemente claro?”(você está
assumindo a responsabilidade por não ter esclarecido direito). Evite perguntas
do tipo: “O que é que você não entendeu?” ( o outro terá que assumir sua
“ignorância”).
Lembre-se
de que objeções representam interesse, quanto mais dúvidas melhor. Assuma
mais uma vez a postura de ouvinte.
Na
Clarificação procure seguir estes passos:
2.5.1
-
Esteja preparado para responder às objeções
Na
etapa de Preparação mencionamos a importância de previamente nos prepararmos
para responder às objeções da outra parte. Elas sempre virão, especialmente
se houver interesse.
Prepare respostas para objeções sobre: custo, duração, experiências
negativas anteriores, pessoal etc.
As razões mais comuns para as objeções são: medo de cometer erros,
falta de confiança, informações insuficientes, prioridades diferentes;
procure levantar previamente argumentos para contestá-las.
2.5.2
- Evite frases perigosas
Não usar: “Você não entendeu nada”
“Não é nada disso”
“Sim, mas...”.
Usar: “É um ponto de vista, quero acrescentar algumas informações...”
“Está certo você se sentir assim, por isso vou lhe dar mais algumas
informações”.
2.5.3
- Aceite as razões do outro
As pessoas são diferentes, algumas apresentam objeções com base na
lógica, outras com base no “feeling”/sentimento.
Neste momento procure não ser contra o que o outro está dizendo, mas
acrescentar fatos/informações/depoimentos que possam fazê-lo concluir
pelo
seu ponto de vista.
2.5.4
- Levante dúvidas potenciais
Às vezes o outro negociador não pergunta nada, mas você sabe que pode
haver dúvidas que se não esclarecidas naquele momento, poderão
dificultar o
fechamento do negócio.
Faça perguntas do tipo:
“Você não me perguntou nada sobre isso, mas queria
esclarecer...”
“Normalmente as pessoas me questionam sobre...”
Esta postura certamente aumentará a confiança do outro em você, pois
ele
verá que você também está interessado em que ele aceite sua proposta
conscientemente, recebendo o maior número possível de informações.
2.6
- Ação Final
É
aqui que ocorre o fechamento do negócio.
Se
as fases anteriores foram bem desenvolvidas, certamente esta etapa será mais fácil.
Eis
alguns passos a serem seguidos:
2.6.1
- Atenção aos sinais de aceitação
Preste atenção às colocações do outro; veja se ele já se imagina
usando os
produtos serviços que você está propondo.
Eis algumas perguntas que podem provocar sinais de aceitação:
“Você gostaria de pagar à vista ou a prazo”
“Você prefere verde ou amarelo?”
“Você quer implantar o programa agora ou em um mês?”.
2.6.2
- Torne sua proposta reversível
Todos têm medo de tomar decisões erradas, especialmente quando o próprio
emprego está em jogo. Ao apresentar qualquer proposta, deixe claro ao
outro
que ele poderá voltar atrás, se assim o desejar. Ex: “Se não gostar,
nós lhe
devolveremos o dinheiro”. “Comece por esta pequena unidade; se não
der
certo, você poderá voltar atrás sem grandes problemas”.
A reversibilidade alivia o ônus da decisão.
2.6.3
- Apresente opções
“Você gostaria de comprar dez ou vinte?”
“À vista ou a prazo?”
2.6.4
- Recapitule vantagens e desvantagens
Sempre enfatizando as vantagens do ponto de vista do outro.
2.6.5
- Proponha uma data para teste
experimental
“Você gostaria de testar isto na segunda-feira, sem qualquer ônus?”
2.6.6
- Proponha o fechamento do negócio
“Vamos assinar o contrato?”
“Quer passar no meu escritório para levar o primeiro lote?”
Ninguém assumirá um compromisso se isto não lhe for pedido. Boa parte
das
negociações não se concretiza simplesmente porque se deixa de lado
esta
solicitação de fechamento do negócio.
2.7
- Controle/Avaliação
Poucas
pessoas desenvolvem esta última etapa da negociação. Normalmente se considera
tudo terminado após a Ação Final. Tal qual a Preparação, esta fase é
realizada individualmente, sem a presença do outro negociador.
Ainda
resta:
2.7.1
- Controle do que foi acertado
- Em termos de prazos, custos, condições, etc.
- Medidas para Implantação do que foi negociado.
2.7.2
- Avaliação
- Comparação do previsto com o realizado na negociação.
- Análise das concessões e suas conseqüências
-
Notas e observações para a próxima negociação
B)
Estratégias
e Táticas
Estratégia = o que vou fazer
Tática = como vou fazer
As
etapas do processo de negociação constituem uma seqüência ideal para um
desfecho bem sucedido e permanente. Na realidade, entretanto, é natural que
ocorram interferências que obstruam e/ou dificultem o processo.
Que
fazer diante do imprevisto? Como proceder diante dos conflitos? Como se
defrontar com as objeções?
Estratégias
e táticas são meios alternativos para alcançar os objetivos desejados, tendo
em vista as condições peculiares da negociação e do negociador.
As
estratégias referem-se a três elementos fundamentais na negociação: Informação,
Tempo e Poder.
B1)
Informação
As
táticas relativas à Informação
admitem a possibilidade de que seu interlocutor não conceba, não saiba ou não
perceba as coisas do mesmo modo que você.
Eis
alguns exemplos de táticas usuais relativas à utilização das informações:
. fornecer informações parciais ou tendenciosas (só os aspectos
positivos ou só
os negativos)
. usar informações privilegiadas (Soube por tal fonte que... Sob o
ponto de vista
técnico...)
. simulação de cenários (Que aconteceria se...)
. mudança de perspectiva (Coloque-se no meu lugar...)
. comparação de alternativas (A opção “A” tem as seguintes
vantagens...)
. dissimulação (Não vem ao caso dar ênfase a esse aspecto...)
. confusão (Colocar todos os dados possíveis sem obediência a critérios
ou
prioridades)
B2)
Tempo
As
táticas relativas ao Tempo
referem-se à oportunidade ou ao momento psicológico em que se colocam
premissas ou alternativas, na perspectiva do outro negociador; dizem respeito
também ao grau de pressão temporal exercido para decisão do outro negociador.
Eis
alguns exemplos:
. Estender o tempo (Vencer pelo cansaço... Ter paciência...)
. Precipitar o desfecho (É agora ou nunca...)
. Adiar (Vamos aguardar uma melhor oportunidade...)
. Fixar limites (Vamos manter a reserva até...)
. Usar o elemento surpresa (Aceito sua condição...)
B3)
Poder
A
negociação envolve sempre a mudança de condições atuais para condições
desejáveis para os negociadores. Para que alguém mude é necessário que sofra
uma influência que seja maior que sua capacidade de resistir. Poder
é a capacidade de provocar mudanças ou impedir que elas ocorram, de acordo com
a própria determinação.
Eis
alguns exemplos de táticas relativas ao jogo do Poder.
. autoridade total (O que eu resolver será o resolvido...)
. autoridade condicional ou limitada (Meu limite de alçada é...)
. eximir-se de autoridade (Só posso decidir com o aval de ...)
. exigência - pressão chinesa (Se você melhorar tal aspecto...)
. confronto de opções - leilão (Discutam entre vocês... eu aceitaria
a melhor
proposta...)
. conjugação de forças (Aliar-se a alguém... mudar a equipe ou parte
dos
negociadores)
. pechincha/barganha (Se você der... eu...)
. alteração das regras do jogo (O preço pode ser mudado... As
especificações
serão...)
A
seguir, e de forma detalhada, apresentamos as táticas colhidas ao longo de
nossa experiência, identificando se relativas a Tempo
(T), Informação (I) ou Poder
(P).
. Negociação não deve ser uma
batalha: sempre há uma alternativa que possa
beneficiar ambas as partes, embora ela não pareça existir à primeira
vista (P)
. Prepare seu planejamento por escrito, nunca decida nada que não tenha
sido
objeto de planejamento anterior (I)
. Comece sempre ouvindo não criticamente, fale depois; você obterá
muito
mais informações sobre a outra parte (I)
. Não se assuste com a agressividade inicial, a tranqüilidade desarma
qualquer
agressão. É só esperar. Mantenha uma postura racional durante a
negociação
(P)
. Se ocorrer um grande obstáculo, evite enfatizar seus problemas,
procure
ajudar o outro com os dele; isto certamente aumentará a confiança dele
em
você (P)
. Não queira ter todas as idéias, deixe algumas para seu oponente. Seja
sutil,
deixe que suas idéias apareçam como se fossem dele (P)
. Lembre-se de que o outro pode não estar buscando necessariamente
dinheiro, mas outro tipo de necessidade: satisfação, atenção,
“status” ,
segurança etc (P)
. Quando ficar sem ação, diante de um problema aparentemente sem solução,
pergunte à outra parte: “O que você faria em meu lugar?” O outro
passará a
trabalhar para você (I)
. Preços por escrito possuem mais força de convencimento que valores
expostos verbalmente; leve sempre uma tabela impressa, um texto
datilografado etc (I)
. Transmita à outra parte uma firme convicção sobre seus pontos de
vista, mas
mostre-se sempre disposto a estudar uma nova e boa idéia (I)
. Suas metas devem ser altas, mas realistas; procure saber antes as metas
do
outro (I)
. Embora seu “ego” diga sim, você não é obrigado a responder
imediatamente a
todas as questões. Solicite tempo para pensar (I)
. O conflito quase sempre é inevitável durante a negociação; esteja
preparado
para ele; pense antecipadamente em como contorná-lo (T)
. A ambiguidade e a incerteza fazem parte da negociação; aceite isso;
ser
paciente, é meio caminho andado (P)
. Possuir autoridade total nem sempre é bom negócio, especialmente
quando
você não se preparou para a negociação (P)
. Procure colocar o outro trabalhando para você. “Goste muito do seu
produto,
mas infelizmente ele custa 10 e só tenho 8” (P)
. Solicite vantagens extras, especialmente quando a outra
parte considerar a
negociação praticamente fechada; psicologicamente é o momento do outro
ceder (T)
. Os fatos superam os “feelings”; ao planejar sua negociação,
procure levantar
dados concretos, informações sobre o que for discutido. Além de tornar
a
negociação mais racional (e não emocional), os fatos permitem que a
outra
parte possa entender a seguir mais facilmente seu raciocínio, sua linha
de
argumentação (I)
. Negocie pensando no amanhã; o processo de negociação é algo que se
repete, muitas vezes com a mesma pessoa. Ao apresentar qualquer proposta
ou argumento, indague-se antes se aquela idéia poder ser boa apenas para
ajudá-lo a ganhar a negociação em curso, mas se será também capaz de
causar tal insatisfação na outra parte que radicalizará futuros
contratos (I)
. A 3ª Lei de Newton: não ameace para não ser ameaçado, ouça para
ser
ouvido, considere as necessidades e expectativas do outro lado, que terá
a
recíproca; seja flexível para obter flexibilidade. Em negociação,
mais do que
nunca, a toda ação corresponde uma reação igual em sentido contrário
com a
mesma (às vezes maior) intensidade (P)
. Pessoas diferentes demandam negociações diferentes: antes de iniciar
qualquer negociação, procure desenhar um perfil do outro negociador, do
que
ele gosta, não gosta etc; ele aprecia detalhes ou não? É muito
orientado para
resultados imediatos? Gosta de idéias novas? Um de seus objetivos é
eliminar conflitos? Desenvolva sua argumentação em função das
características de cada negociador; evite também
comportamentos que
possam não agradá-lo. Se é a primeira vez que negociam, procure
conversar
antes com pessoas que o conheçam, que possam traçar o perfil dele (I)
. O que é lógico pode não ser psicológico: Lembre-se de que sua “lógica”
pode
não ser igual à “lógica” do outro. Se lhe for proposto algo que
lhe pareça
absurdo, procure não agredir o outro, acentuar eventuais diferenças.
Responda: “Acho ponderável sua observação, se me permite gostaria de
adicionar algumas informações”. (Mencione então a sua lógica, tanto
quanto
possível, justificada pelos fatos) (I)
. Gerar confiança é fundamental: este é um dos grandes obstáculos à
negociação. Evite sempre deixar de cumprir o que prometeu, transmita ao
outro a sensação que você diz aquilo que pensa, que não esconde o
jogo ou
informações relevantes, aprenda a conviver com sentimentos, valores
diferentes, não seja demasiadamente crítico. Estes comportamentos
tendem a
gerar maior confiança na outra parte (P)
. Desenvolva contra-argumentos previamente: este é o “calcanhar de
Aquiles”
de muitos negociadores. Tudo desmorona quando a outra parte não aceita
ou
rebate seu “único” argumento. Esteja preparado para seguir vários
caminhos.
“Se ele não aceitar Y, vou propor X”. “Se ele aceitar Y-A, vou
propor X-B” etc.
Desenvolva
planejamentos contingenciais/situacionais (T)
. Você pode “vender” o que o outro precisa “comprar”(seja um
produto, serviço
ou idéia). O que o outro precisa compara deve ser mencionado por ele e não
apenas pressuposto; isto demanda tempo, pois implica na identificação
das
necessidades da outra parte. Um excelente aquecedor de ambiente por um
preço abaixo do mercado (bom negócio do ponto de vista de quem vende)
não será vendido se o outro negociador morar em local de clima muito
quente
(não precisa do aquecedor). Este é um aspecto bastante óbvio e talvez
por
isso mais esquecido da negociação (I)
. A “pressão” e o interesse existem para os dois lados: normalmente
temos a
tendência de imaginar que sofremos maior pressão para negociar e que
temos mais interesse na negociação do que a outra parte. Esta presunção
é
perigosíssima, pois pode encurtar o tempo de negociação em prejuízo
da
qualidade, ensejar concessões inadequadas etc. Parta do pressuposto de
que
ambas as partes estão interessadas (pois do contrário não estariam lá
negociando). Se não acredita, verifique com o outro negociador, depois
de
encerrada a negociação, os interesses e necessidades de ambos,
cotejando-
os com sua presunção inicial (P)
. Quando estiver cobrando serviços, vendendo produtos ou idéias, evite
preços/valores totais, use números parciais. Em vez de 3.000 dólares
por um
seminário, use 150 dólares por pessoa, para um mínimo de 20 pessoas.
Parece que é a mesma coisa, mas psicologicamente não é: valores
parciais
parecerão menores à outra parte (I)
. Inicie a negociação solicitando redução de preço, vantagens extras
etc. Isto
baixará a oferta e limitará as expectativas da outra parte (P)
. Não se intimide por uma “oferta final”: nos tempos atuais, “tudo
é negociável”,
por mais adequada que lhe pareça a oferta proposta da outra parte,
acrescente: “Estou certo que você pode me vender mais barato,
apresentar
melhores condições ou desenvolver mais seu projeto” etc. (T)
. Diante de uma proposta absurda, reaja com o silêncio; a outra parte
tenderá a
tornar mais razoável sua oferta (T)
. Procure ter tempo disponível quando você negociar; isto é
especialmente
importante quando o outro não tem tempo. Procure identificar a urgência
do
outro ao início da negociação (Ex.: “De quanto tempo dispomos?”)
(T)
. Evite negociar por telefone, a menos que esteja muito bem preparado,
pois,
do contrário, é perigosíssimo; você será obrigado a tomar decisões
muito
rapidamente (T)
C)
Superação
de Impasses
Superação
de impasses pode ser desenvolvida através da aplicação de certas técnicas.
Eis
algumas técnicas a serem usadas quando ocorrerem impasses:
. proponha uma pausa; não insista demasiado, procure sempre deixar uma
saída honrosa para a outra parte; ela pode já estar convencida, mas não
quer
deixar a negociação como uma “perdedora” (especialmente se seu
chefe
estiver presente)
. mude um membro do grupo, o líder do grupo, traga gente nova; às vezes
o
impasse decorre de um problema interpessoal
. mude as condições de negociação: maior prazo, uma vantagem
adicional,
altere esquemas de pagamentos etc. (sem alterar o total envolvido)
. mude o tipo de contrato, as especificações etc. (Ex.: em vez de valor
fixo,
coloque em termos percentuais)
. sugira deixar para mais tarde o assunto objeto do impasse e prossiga a
negociação, se possível, escolhendo um tópico pouco conflitante. É
impressionante como 60 minutos depois o problema parece não ter existido
. proponha uma mudança de local, de modo a que as negociações
prossigam
durante o almoço
. procure alterar a composição dos grupos negociadores colocando
engenheiros com engenheiros, administradores com administradores,
gerentes com gerentes: “eles falam a mesma língua”
. chame um mediador, uma terceira pessoa. Embora incomum em nosso
contexto, talvez possa dar certo
. pergunte à outra parte o que faria se estivesse em seu lugar; esta idéia
certamente desanimará a outra pessoa e a colocará “trabalhando”
para você
em termos de superação do impasse
. use o humor, mas planejadamente; é impressionante o que uma piada pode
fazer para desanuviar o ambiente, especialmente se for relacionada com o
assunto objeto do impasse
. procure não responder a agressões com outras agressões, contraponha
emoções com fatos, dados concretos, mantenha a negociação no plano
racional
. procure ouvir e faça sentir ao outro que você o está ouvindo; assim
a causa
do impasse pode ser superada
. Enfatize sempre as concordâncias anteriores, nunca as discordâncias;
o clima
tenderá a melhorar.
D)
Concessões
Negociar
é fazer concessões; se você não está disposto a fazer concessões, o
processo de negociação certamente se radicalizará.
Procure
previamente definir que concessões fará, em que seqüência (da menos
importante, considerando o ponto de vista do outro negociador), quais as conseqüências
de cada concessão.
Eis
algumas idéias sobre como fazer concessões:
. deixe espaço para a negociação; sua oferta deve ser alta se você
está
vendendo, e baixa se você está comprando; tenha sempre uma
justificativa
para sua oferta; evite extremos
. procure fazer com que a outra parte apresente idéias e argumentos em
primeiro lugar
. procure fazer com que a primeira concessão venha da outra parte; se não
for
possível, inicie a concessão com algo acessório para você
(mas que possa
ser importante para a outra parte)
. não conceda nada sem que o outro tenha lutado por isso, pois do contrário
ele
não valorizará o que recebeu
. não aumente as expectativas da outra
parte concedendo demais ou muito
rapidamente
. quanto mais tarde o outro receber concessões, mais ele as apreciará
. peça algo em troca de toda concessão que fizer
. ao fazer concessões, lembre-se de que o dinheiro não é a única
moeda que
interessa à outra parte; poder, “status” , atenção etc. podem também
sensibilizar o outro negociador
. não tenha medo de manifestar firmeza; se você persistir em seu NÃO,
a outra
parte acreditará mais nele
. volte atrás se fez uma concessão inadequada no meio da negociação;
tente
trocar por outra que não lhe crie problemas, lembre-se de que, embora
isto
não seja sempre desejável, é o aperto de mão final que sela a negociação,
não necessariamente os acordos intermediários.
E)
Os
Dez Mandamentos do Negociador
Suponhamos
que amanhã você vai iniciar uma negociação que pode levar sua organização
a ganhar (ou perder?) 30 milhões de reais.
Que
tipo de cuidados devem ser considerados para que essa negociação possa ser bem
sucedida? Eis o que pretendemos abordar com os Dez Mandamentos do Negociador:
1.
Comece
a negociação fornecendo e solicitando informações, fatos; deixe para
depois os itens que envolvam opiniões, julgamentos, valores. Os
primeiros
aproximam as pessoas enquanto que outros aumentam os conflitos, ressaltam
as
diferenças, distanciam os negociadores.
2.
Procure
vestir a pele do outro negociador, isto o ajudará a compreender melhor a
argumentação e as idéias dele.
3.
Quaisquer
idéias somente serão aceitas se forem boas para ambas as partes; nos
contatos com o outro negociador mostre como suas idéias podem ajudar a
resolver os problemas dele.
4.
Procure
sempre fazer perguntas que demandem respostas além do simples SIM
ou NÃO; assim fazendo você está obtendo informações e menos
julgamentos.
5.
A
dimensão confiança é importantíssima no processo de negociação; procure
ter
atitudes geradoras de confiança em relação ao outro negociador. Se
pensa em
enganá-lo lembre-se de que no próximo ano vocês dois podem ter que
voltar a
negociar.
6.
Evite
fazer colocações definitivas ou radicais, mostre-se sempre pronto a render-
se a uma argumentação diferente ou a idéias melhores que a sua.
7.
Nunca
“encurrale” ou “pressione” o outro negociador; por melhor que seja sua
situação - posição na negociação é sempre interessante deixar uma
“saída
honrosa” para a outra parte.
8.
Cada
pessoa tem seu estilo de negociação de determinado tipo de necessidades e
motivações; ao negociar lembre-se dessas diferenças e busque
apresentar suas
idéias de uma forma adequada às características de comportamento e
interesses
do outro negociador.
9.
Saiba
ouvir, procure não atropelar verbalmente o outro negociador, isto aumentará
a confiança dele em você e o ajudará a conhecê-lo melhor.
10.
Procure sempre olhar o outro negociador pelos seus aspectos positivos, pelas
suas forças; evite concentrar-se em suas fraquezas.
Esta
abordagem é também fundamental para o sucesso da negociação.
III.4
- COMPETÊNCIAS DO SETOR DE
CONTROLE DE MATERIAIS
No
almoxarifado, entendemos por “Controle de Materiais” a forma pela qual é
possível verificar com exatidão a entrada, estoque e saída de material.
O
controle de material, abrangendo os mínimos detalhes, permite a tranquilidade
setorial, pois envolve internamente todos os elementos que fornecem dados para
os setores externos. Sem esse controle rígido, integral e contínuo, jamais
conseguiremos igualar a conta almoxarifado com a contabilidade.
Este
setor deve ter um controle geral, para fornecer elementos reais de orientação,
com reflexos na produção ou distribuição.
III.5
- CODIFICAÇÃO DE MATERIAL
A
codificação do material não é nada mais do que a simplificação do controle
efetuado. Consiste em metodizar o sistema, dando a cada material um “número”.
Assim, será mais fácil e rápido solicitar o material pelo código que pelo
nome. Por exemplo: Material B-4 ao invés de “Estêncil eletrônico para
aparelho Gestetner”.
TIPOS DE CODIFICAÇÃO:
Numérica - uso somente de algarismos arábicos (51)
Alfa-numérica - combinação de letras e números (XR3, 14 BIS)
Decimal - dividindo-se em três grupos:
a)
aglutinante:
é o grupo-chave designador do agrupamento de
materiais. Ex.: Matéria-prima, Material de Escritório, de
segurança, de limpeza, diversos, etc.
b)
individualizador:
identifica cada um dos materiais que
constam do grupo Aglutinador. Ex.: no material de escritório,
temos lápis, caneta, régua, etc.
c)
descritivo:
descreve os materiais pertencentes ao grupo
Individualizador. Ex.: régua milimetrada de madeira.
EXEMPLO
DE CODIFICAÇÃO PELO SISTEMA DECIMAL
11 |
Disponível |
|
12 |
Realizável
a curto prazo |
|
12.11 |
Almoxarifado |
|
12.11.01 |
Matéria-prima |
|
12.11.02 |
Material de escritório ................. (aglutinante) |
|
12.11.02.01 |
Réguas ........................... (individualizador) |
|
12.11.02.01.01 |
Régua de plástico milimetrada de 30 cm.
Des- |
|
12.11.02.01.02 |
Régua de madeira milimetrada de 50 cm.
Cri- |
|
12.11.02.01.03
|
Régua de aço milimetrada de 15 cm.
Tivo |
|
|
Código
de Barra |
|
Controlar
duplamente o material armazenado é usar ao mesmo tempo dois tipos de fichas. As
fichas empregadas no duplo controle, são:
a)
Ficha
de Prateleira - É colocada no local onde se encontra o devido
material;
b)
Ficha
de Controle Geral - Nela são registrados os estoques mínimo e
máximo, nome completo do artigo, data das
movimentações e os documentos que as
originaram, saldos, etc.
Os
modelos deverão atender plenamente a necessidade da empresa.
III.7
- REQUISIÇÃO PARA REGISTRO DE MATERIAL
III.8
- LOCALIZAÇÃO DO MATERIAL
III.9
- COMPETÊNCIA DO SETOR DE ALMOXARIFADO
III.10
- TÉCNICAS DE ARMAZENAGEM DE MATERIAL
CAPÍTULO
I
.
ORIGEM
São muitas as versões a respeito da origem do Almoxarifado.
A necessidade de criar estoques, e consequentemente o controle dos
mesmos, está de fato perdido nos tempos. Entretanto, não há dúvidas de que
surgiu junto com a necessidade que o homem teve para se alimentar. Assim sendo,
concluímos que os estoques surgiram em conjunto com a humanidade, conforme se
explica no quadro abaixo:
Definição:
Almoxarifado é o intermediário entre o fornecedor e a produção/manutenção,
e entre a produção e o consumidor.
.
ALMOXARIFADO X EMPRESA
Há muito tempo atrás, e até nos dias de hoje, ainda existem empresas
que consideram o Almoxarifado fundo de fábrica. Neste "fundo de fábrica"
eram guardadas todas as sucatas, tudo que era velho e fora de uso, e não havia
uma característica específica de armazenamento de materiais.
Felizmente, os grandes empresários deram maior importância aos
Almoxarifados e então pôde se mostrar o quanto ele é importante dentro de uma
empresa. Podemos considerá-lo um órgão de "Prestação de Serviço"
pois toda a fábrica depende dele.
.
ORGÃO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
Como é do nosso conhecimento, qualquer entidade que tem a finalidade de servir
alguém, devem tomar medidas especiais, uma vez que a prestação de serviço
exige "Qualificação Específica" .
Era muito comum nos Almoxarifados antigos, empregar uma pessoa que fosse
honesto e soubesse ler o ABC.
Só isto bastava, para que ele tivesse em suas mãos, todo o material,
que deveria ser guardado e ir atendendo as requisições de acordo com as
necessidades.
Hoje, os tempos mudaram, e não mais é possível, ter pessoas apenas
para "receber" e "guardar" .
Sabemos que o trabalho do "Almoxarifado" ou tudo que se diz
respeito ao "Almoxarifado", requer muito cuidado e atenções
especiais. Para isso já existem cursos e treinamento específico.
CAPÍTULO
II
.
ORGANIZAÇÃO
Tem-se dito com razão que o intelecto humano, de costas voltadas para a
realidade e concentrado em si mesmo, é impotente para elucidar as mais simples
engrenagens da máquina do mundo e da vida.
A atitude do intelecto, onde os fenômenos que desfilam pelos órgãos
sensoriais, só será verdadeiramente útil e fecundo limitando-se de início, a
observá-los, descrevê-los, compará-los e classificá-los, segundo as
analogias e diferenças para chegar depois, por induções ao conhecimento de
suas condições determinadas.
"Não reconhecer como verdadeiro senão o evidente, dividir cada
dificuldade em quantas partes seja preciso para melhor atacá-las; começar a análise
pelos exames dos objetos mais simples e mais fáceis e ser compreendidos, para
remontar gradualmente do mais complexo..."
Descartes
Quando propõe a desenvolver-se um trabalho de organização, nada é
mais lógico do que adotar os preceitos mencionados, que por si só já são uma
organização.
Duas características que apresentam uma boa organização no
Almoxarifado, são a ordem e o asseio. Com isso podemos transmitir sempre uma
sensação de serviço perfeito.
Nunca devemos temer uma organização, pois nem sempre as coisas simples
é que serão ideais para o nosso trabalho. Muitos acham que uma organização
é coisa complicada. O que mais é complicado: o relógio ou a ampulheta? Sem dúvida
é o relógio, entretanto, ninguém sai com uma ampulheta para o trabalho e sim
com o relógio.
Erick Dorp, no seu livro "Técnica Moderna de Organização
Administrativa Industrial e Comercial", primeiro volume, página 3, dá uma
perfeita definição para o nosso primeiro passo:
"Todo negócio bem dirigido é um organismo que funciona de forma
autônoma dentro de seus limites comerciais e industriais, se controla a si
mesmo, nota e corrige seus defeitos e trata de progredir".
Conclui-se que o pensamento do autor foi um dos mais objetivos possíveis,
indicando claramente que toda a organização é estruturada, para ser
modificada quando necessário, sem porém desviar-se de seu objetivo.
Na mesma página, ele destaca: "Ordenar as atividades
administrativas de tal modo que assegurem o melhor entendimento de sua
finalidade, tanto em segurança como em comodidade, rapidez e economia".
Como vimos toda a organização visa a dar uma melhor satisfação aos
funcionários ao desenvolver suas tarefas. Não existe um tipo certo como
modelo, mas de acordo com a complexidade e o porte da empresa, desenvolve-se o
modelo próprio da organização. Estes modelos deverão ser aprimorados de
acordo com o crescimento do Almoxarifado.
.
PESSOAL
Aqui nos deparamos com o ponto chave da organização do Almoxarifado,
pois trata-se dos maiores problemas aos recrutadores em admitir funcionários
adequados para cada função.
Como vimos na apresentação, bastava ser honesto e ler o ABC, e cuidava
de todo material.
Pois as tarefas de administrar um Almoxarifado, de acordo com as suas
proporções, são múltiplas e, em sua maioria, exigem conhecimentos profundos
da profissão, exigindo assim um contínuo esforço mental para que tudo seja
feito a tempo e a hora.
Devemos ter todo cuidado na seleção do pessoal para trabalhar no
Almoxarifado, pois temos que considerar as diferenças existentes entre os
elementos que irão desempenhar as diversas funções com referência à
constituição mental dos indivíduos.
Podemos dividi-la em temperamento, intelecto e caráter. Alguns homens são
de temperamento nervoso e facilmente excitáveis, inclinados, portanto, a uma ação
brusca e impensada; outros são calmos e fleumáticos, racionando antes de agir
e não se excitando facilmente.
Os auxiliares destinados a
um Almoxarifado têem de ser escolhidos de forma discriminada. Primeiramente,
deverão possuir um alto grau de sentimento e honestidade. É sabido que existem
indivíduos merecedores de confiança enquanto não encontrem certas
facilidades, ao passo que outros não merecem nenhuma confiança desde o
primeiro contato.
O problema psicológico apresentado é o de determinar em que categoria
o elemento deverá ser colocado, sem necessidade de ser posto à prova
por uma experiência que poderá ser desastrosa.
A honestidade de um funcionário de Almoxarifado deverá ser equivalente
a um caixa pagador de um Banco.
·
Requisitos
para os funcionários do Almoxarifado
Lealdade,
confiança e disciplina
Sem
estes requisitos não pode haver colaboração e trabalho de equipe, pois o
trabalho de um Almoxarifado nunca pode ser feito sem um bom entrosamento da
equipe.
.
FUNÇÕES
Tipos
de Funções:
1) Funções Qualificadas
2) Funções Semi Qualificadas
3) Funções Não Qualificadas
1)
Funções
Qualificadas
São
as funções que exigem aptidões, conforme a natureza destas, podem
ser
especializadas, médias ou inferiores. Considera-se Pessoa Qualificada, a que
executa com perícia, todas as tarefas e operações de sua ocupação, mediante
um sistema de formação, tais pessoas devem possuir conhecimentos tecnológicos,
que lhes permitem resolver os problemas de seu trabalho, devem ter por fim,
elevada capacidade de julgamento.
Ex; Diretor de Materiais
Gerente de Almoxarifado
Almoxarifes
Assessores do Almoxarife
Estoquistas
Ficharista ou kardexista
Despachante ou Balconista
Conferentes de Materiais
Inventariantes
Controladores de Estoques
Codificadores de Materiais, etc.
2)
Funções
Semi Qualificadas
Consideramos
a Pessoa Semi Qualificada, a que possui habilidade normal
para
executar um número limitado de tarefas e alterações que não exigem grandes
conhecimentos tecnológicos. A capacidade de julgamento deste tipo de pessoa
limita-se as tarefas e operações que sabe executar.
Ex: Datilógrafo
Arquivista
Motorista
Motorista de Empilhadeira Motorizada
3)
Funções
Não Qualificadas
São
as funções que não exigem qualquer aptidão especial e podem ser
exercidas
por pessoas de baixo nível mental, desde que possuidores de certas qualidades físicas,
notadamente força muscular e resistência à fadiga. São, portanto, as pessoas
que executam trabalhos que não requerem habilidade manual especial. As operações
são simples e executadas mediante breve explicação. Este tipo de trabalho não
exigem conhecimentos tecnológicos.
Ex: Porteiros
Vigias
Ajudantes de Motoristas
Servente
Operários Especializados: Encaixadores
Empinhadores
Carimbadores
Embaladores
Carregadores, etc.
Obs.:
Queremos deixar bem claro que a qualificação do funcionário não implica nos
princípios básicos já citados anteriormente como lealdade, confiança e
disciplina. Por mais simples que seja a qualificação do funcionário, ele tem
sua importância no organização, uma vez que ele contribui no trabalho geral
da equipe.
.
LAY-OUT
Lay-out, ou arranjo físico é a maneira como os homens, máquinas e
materiais estão dispostos dentro de um Almoxarifado, ou qualquer outro local,
desde que arranjados com certa ordem.
O problema do lay-out é a locação mais econômica e racional das várias
seções de uma unidade fabril ou comercial. Em outras palavras é a utilização
do espaço disponível que resulte em um processamento mais efetivo, através da
menor distância, no menor tempo possível.
Homens
Lay-out
= Arranjo Físico
Máquinas
Materiais
O melhor arranjo não é óbvio, exceto em casos triviais.
Através
da análise dos diversos fatores de produção e de um método de trabalho que
inclua os princípios básicos de lay-out chega-se a um arranjo ótimo.
Objetivos
do Lay-out
Redução
no custo e maior produtividade através de:
. melhor utilização do espaço disponível;
. redução da movimentação de material e pessoal;
. fluxo mais racional;
. menor tempo para o desenvolvimento dos processos, e
. melhores condições de trabalho.
Quando
fazer um estudo do lay-out
Em
várias situações torna-se necessário um estudo do lay-out a saber:
1)
Obsolecência
das Instalações
As instalações existentes tornam-se ineficientes devido a:
. novos produtos a serem fabricados;
. aquisição de máquinas ferramentas, exigindo ampliações de algumas
seções;
. avanço na tecnologia, implicando em novos processos de fabricação, e
. necessidade de maior espaço para estocagem.
2)
Redução
dos custos de produção
3)
Variação
da Demanda
Os
estoques acompanham os aumentos e decréscimos da produção.
4)
Ambiente
de trabalho inadequado
Ruídos,
temperaturas anormais, pouca ventilação, má iluminação, baixam o rendimento
do trabalhador.
5)
Excesso
ou falta de estoques
6)
Manuseios
excessivos e longas distâncias
Provocam
estragos no material e atrasos no atendimento.
Para a montagem de um lay-out, que se caracterize como ótimo, devemos
procurar responder algumas perguntas fundamentais e obedecer seis princípios básicos.
Responda as perguntas, conforme suas respostas será a sua concepção do
lay-out de seu Almoxarifado:
1.
Novos produtos estão sendo projetados, de maneira a exigir novos
tipos de matérias-primas, materiais e depósito de produto acabado?
2.
Há (ou haverá) necessidade de novas áreas de estocagem?
3.
Os equipamentos de transporte e manuseio são suficientes?
4.
Existe flexibilidade para atender as variações de demanda?
5.
Existe espaço suficiente para tráfego e operação dos equipamentos?
6.
Existe perspectiva de melhora nos métodos de estocagem?
7.
As máquinas e equipamentos, tanto de escritório como de manuseio e
transporte estão localizadas de modo a darem máxima eficiência de movimentos
e produção?
8.
Os lavatórios estão em locais adequados?
9.
As condições de iluminação, ventilação e temperatura são satisfatórias?
10.
Pode os ruídos serem isolados?
11.
As inspeções de instalações prediais e das condições físicas dos
materiais em estoque, são feitas de maneira eficiente e onde deve haver?
12.
As instalações oferecem segurança? Estão as saídas e entradas
propriamente localizadas?
13.
Os materiais inflamáveis ou explosivos estão em lugar seguro?
14.
Os carregamentos satisfazem os limites permitidos?
15.
Existem muitos acidentes de trabalho?
16.
Há demora na produção de algum setor do almoxarifado?
17.
Há cruzamentos de material, máquinas e/ou homens?
18.
Está sendo utilizado o espaço vertical?
Um
bom lay-out deve satisfazer seis princípios básicos:
1)
Integração:
homens, materiais e máquinas devem estar bem integrados. O
Almoxarifado deve funcionar como uma unidade, uma macro-
máquina, com todas as suas "engrenagens" entrosadas.
2)
Mínima
Distância:
outros fatores, sendo iguais, o lay-out melhor é aquele
em que o produto movimenta-se o menos possível. Deve-
se manter apenas os movimentos indispensáveis e
reduzir ao mínimo a distância entre operações
.
3)
Fluxo:
as áreas de trabalho devem ser arranjadas de forma a permitir um
fluxo constante de material, sem os inconvenientes de prolongadas
esperas ou mesmo estocagem. Os cruzamentos de materiais devem
ser evitados.
4)
Uso
de Espaço Cúbico:
devem ser utilizadas as três dimensões LARGURA -
COMPRIMENTO - ALTURA, a superfície de
estocagem é reduzida quando se utiliza
efetivamente a dimensão vertical.
5)
Satisfação
e Segurança:
nenhum lay-out deve neglicenciar a razão primeira
da produção - O HOMEM. O trabalhador satisfeito
produz melhor. Os acidentes de trabalho devem
ser evitados. As condições do ambiente de
trabalho, melhoradas. Assim, não devemos expor o
trabalhador a altas temperaturas, ruídos, chuva,
pouca ou excessiva ventilação, o ambiente de
trabalho deve ser limpo e arrumado e a iluminação
deve ser suficiente e adequada.
6)
Flexibilidade:
o arranjo deve ser flexível a futuras modificações.
Levantamento
de Dados
Devem ser considerados todos os materiais que são armazenados e
manipulados pelo almoxarifado: matéria-prima, material de reposição,
materiais semi-acabados, produto acabado, embalagem, expedição, etc;
estudando-se as dimensões, peso, quantidade, características físicas e químicas.
Um Almoxarifado sempre deve ser localizado perto dos centros consumidores
(produção, manutenção, expedição), cada condição deve ser estudada, como
aproveitamento da área, próxima a portaria, para recebimento e expedição de
materiais, posicionamento das estantes em geral, etc.
Superfícies
Na montagem de um lay-out é utilizado três tipos de superfície, a
saber:
1)
Superfície
Estática:
a superfície estática, é aquela que o equipamento projeta no solo. Como
exemplo, uma mesa e uma cadeira de um funcionário, ver referência número 1 da
figura 2/1 e 2/2.
2)
Superfície
de Utilização:
superfície de utilização, é aquela onde se desenvolvem os trabalhos, onde
efetivamente o funcionário usa para desenvolver o seu trabalho, ver referência
número 2 das figuras 2/1 e 2/2.
3)
Superfície
de Circulação:
superfície de circulação, é aquela que se destina ao trânsito de pessoal e
equipamentos, podemos considerá-las como ruas e avenidas, ver a referência número
3 das figuras 2/1 e 2/2.
Na
figura 2/2, temos a projeção das estantes de um
Almoxarifado,
referenciando-se as mesmas superfícies, e na referência número 4, temos as
faixas centrais dos corredores de circulação.
É comum um galpão ter colunas de sustentação da estrutura que são
posicionadas em linha, formando quadrados ou retângulos no centro da área. Na
figura 2/4, temos o exemplo. Quando deparamos com um prédio nestas condições,
o lay-out do Almoxarifado deve ser montado de tal maneira a ocupar em primeiro
lugar os espaços entre as colunas, conforme indica as referências 1 e 2.
Como
se montar um Lay-out
Existem diversas maneiras de se fazer a montagem de um lay-out:
Utilizando programas de computadadores;
desenhando-se a planta baixa da área e dos equipamentos que fazem parte do
Almoxarifado, dando-lhes um arranjo (sistema convencional), com o desenho da
planta baixa da área recorta-se em papel colorido, dentro da mesma escala, os
equipamentos do Almoxarifado, e partindo daí fazer o arranjo, mediante o estudo
da colocação dos equipamentos, este sistema é denominado de bidimensional;
existindo ainda o sistema tridimensional, que consiste em fazer-se e manquete.
O
sistema que melhor convém, por oferecer maior condição de estudo e visualização,
é o sistema bidimensional.
A escala do desenho e dos recortes, deve de ser de 1:50, ou seja, cada
dois centímetros é igual a um metro. Para os equipamentos é aconselhável
usar-se um papel de cada cor.
Nas figuras 2/5 e 2/6, na primeira destacamos uma área, que é uma sala
de apenas sete metros por cinco e cinquenta, dentro do décimo primeiro andar de
um edifício, na Segunda destacamos os equipamentos que já se encontravam
dentro da sala, sem porém um arranjo definido. Os participantes deveram
destacar a figura número 2/6 recortando-a e fazendo um arranjo na figura 2/5,
colando os recortes.